quarta-feira, 6 de março de 2013

O charrroque vai as prrefundezas do dsérrte


Cérrte dia, táva eu emarranhade nas nhas alembrradurras, ali mesme em frrente da doca de Setúbal, a sentirr aquele cherrinhe marrravilhose a pêxe e aparrece o Arrlinde, vinde a corrrida de lá de cima do bairre do vise, quinté parrrecia que tinha um feguête do cu.
E eu disse :
-          Apa zé, que pêxe é?
O Arrlinde tinha-se enteirrade cavia um país, que ficava du dsérrte e onde eles tinhem feite negoice com pérrrlas, e toda a gente sabe que as pêrrrlas vêem das ostrras e as ostrras vêem do márr e co charrrouque é um ganda pescadorrr. Atão parrece que lá desse país, que fica lá em santa coina dos assebios, eles estavem a necessitarr de um ganda pescadorr, com um ganda currrícle e o Arrlinde chibou-se logo tode a mim e eu fui logo mostrrar-me interressáde, perrque aqui em perrtegal nã há dnhêrre nem pa mandarr cantarr o ceguinho.
Qual nã é o mê espanto, quando fui esquelhide para irrr trrabalhar pó qatarrr, e eu pensei logue, olha, apá, deve ser prrrai que os sóces vão, quando lhe dizem, - vai-te catárrr mê ganda vase da merrrda!
Já do aerroporrrte, entrrre do avião. Um avião muta benite, com bastantas camónes, tude com grrandes mánicas pelingrrráficas, que de cerrteza que deviem terrr vinde de Setúbal, pois eles sabem que o perrtinho darrábida é uma das prraias mai benitas do munde interrr.
Mais eu nã me querr perrder aqui com perrmenorres que nã interrresem pa nada, pois o que é imperrrtante é o que haverra de acontecerr lá desse país onde os sóces se vão catarrr.
Já do qatarrr, quando saie do avião mais o mê amigue Arrlinde…
-Apá sóce… tá calorrr à patáda!
Nem conseguiames respirrar, parreciemos um carrrapau fórra dágua com os ólhes todes desbugalhádes e a boca toda aberrta.
A porrrta do aerroporrte, estavam uns sóces, todes vestides de brranco, com uns lençois da cabeca, que parreciem même aqueles sóces do pitrroile e dissserem-nos:
-          Assalamealeik
E eu disse:
-          Salame? Mas disserrrem-me que que vocês aqui perr causa do allah, ou do ali baba, na podem comerrr salame! Ma da prrróxima ja sei.
Mas eles perrece que nã perceberrem nada e dissserem:
-          Yala, yala
Que vim mais tárrrde a saberrr, que querrr dizêrrr, butes, butes. Eles estarrem mais é com munta prrressa du cu, pensei eu.
Encafuarrrem-me a mim mais o Arrrlinde, dum jeep 4*4 e levarrrem-nos pó dsérrrt. E agente cheios da cagufa…., mas ódespois…….Eia, ca coisa mai Benita de se verrrrr, tanta arrreia, tanta arrreia, tanta arrreia e eu pensei logue, os gajos lá da secil é que pediem virrr aqui buscarrr arrreia e deixarrrem mais é a serrra darrrabida em paz. O quêles merreciem todes era levar uma berrrlaitada para não serrrem má rés e estarrrem a estrrragar uma coisa tam benita ca naterrreza fez.
Saimes do 4*4 e os sóces apontarrrem pó márrrr. Agente entrrraramos do márrr, ma nada de encontrrrrames ostrrras nem pérrrlas.
Ao fim dumas horrrras começámes a ovirrr umas cantigas, quinte parrrecia co Vitórrria ia jegárrr. Allah akbar, allah akbar, e eu e o Arrrlinde saimos do márrr para virmos mirrrár o que se estava a passsár.
Tál nã é o nossse espante quando vimes os sóces do pitrroile todos voltades prró porrr do sol com os corrrnes entarrrádes darrreia e com os rrrábes pó árrr. Ao verrr aqueles rábes todos prrró árrr:
-Apá Arrrlinde, estes sóces são todes uns pandelêrrres de merrrda, eles merrreciem errra todos um rrrábo duma arrráia pu cu acima. Salga mas é issso das pérrrlas e vames bazzárrr daqui.
E abalámos à currrida do 4*4, enquante eles estavem todes de rrrábo pó árrr.
Mas o Arrrlinde tem prrroblemas da prrrósta e tivemes que parrrár pórrrinar. Entao nã é que os gajos du pitrrroile, vinhem todos a currrrer, dunas abaixe, dunas acima, com catanas duma mão e falcões da outrrra.
Enhagórrra….. foge Arrrlinde quêles corrrtem-te a pila e dão ós pássarrres pa comerrr.
Eu e o Arrrlinde a currrer, duna abaixo, duna acima até que vimes uma parrrágem que parrrrecia uma parrrágem das caminétes, mas como estames du deserrrt errra um aparrragem de camêles. Apanhámes um camêle e entrrrámes dirrectamente du aerrroporte. Os sóces da guarrrda do aerrroport, comecarrrem a pazáda cagente, eles dárrrem, dárrrem, mas levárrrem que se farrrtárrem. Ficarramos cus ólhes a belenences. Meterre-nos du avião e disserrrem que estávamos priiíbides de voltárrr ao dsérrrt.
E foi assim que o charrroque nunca mais saiu de Setúbal prro dserrrt, com miúfa de nunca mais ver o seu rrrio azul que em cérrrtes dias tem mesme a corrr du céu.

Autorra: Ana Marria

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