segunda-feira, 19 de julho de 2010

As Serreias da Anicha

Apá soces, u Russe foi à prraia c'umas amigas du tempe da escola prrimárria... Encontrrei-as porr acase; elas irrem-se emborra viverr prra outrre lade, forra de Setúbal (burras! Deslarrgarrem esta marravilha de cedád), mas vierrem cá de férrias, verr da família... Ê querria-lhes amustrrar côme iste tava difrrrente e corrêmes da Avenida naquela ciclóvia munta catita; apá, ficarrem de boca aberrta... Ódepois fomes ó Parrque Urrbane de Albarrquel, caquile agorra taméin tá tude munta benite. Elas na acrreditarrem, até cumentarrem uma ca outrra que iste nã é Setubal. Côme távames logue ali ó pé, ficámes na Albarrquel.
Qual na é o mê espante quande vêje da Marrgarrida du Sáde a passarr (o Charrôque tinha dite que nesse dia na íames prra faina, que tínhames de pintarr du barrque côa tinta du Finurra, aquela que cai u cásque e ficá tinta... cinque estrrêlas!). Ê grritei "Óh Charroque! Anda cá pá miga! Ptinga, nã s'arrmem em gaivotas garrgananciósas que querrem o pêxe tôde só prraélas! Virrem lá de bórrde!" Os gajinhes olharrem, olharrem, mas continuarrem... Ê cá prra mim "ai quê tou frrite com estes...". Taméim na sei o que m'dêu da cabeça quande cumecei a correrr em dirrecção da água, amandei-me lá prra dentrre e comecei a nadarr... A nadarr... Os gajes virrem mas nã quiserrem sabêrre. Mas continuei enquante pensava cá prrós mês botões (sim, prruque ê fui de camisa prrá água. Côa prressa nã m'alembrrei de tirrarr-la) "Apá, eles na têm corragem de me deixarre sozinhe aqui no meie." Quande dou porr mim, tou mesme ao lade da trrainêrra, olhe com atenção (e com os olhes todes mulhades) "apá miga, nã acrredite, isté munta cópy pêste da nossa Marrgarrida... Mas na é a nossa embarrcação!" Pensei cá prra mim "é hoje quê môrre". Já tinha nadade até ali côa ajuda da corrente, agorra prra voltarre erra impessível... É u cas férrias fazem dum gaije. U múscale fica lógue flácide... Entrretante passa um barrque lá dus finórrios même ó mê lade, faz umas ondas prra cima de mim, prrájudarr mais à festa. Já tava cansade, côa corrente a emperrarr lá prra forra prró marr, e agorra us olhes a árrderr cu óleo de motôrr.
Passade mais um becade, já tava ó pé da Anicha, já sem fôlegue, coméce a ouvirr duns barrulhes estrranhes que mái parrciam de vozes fininhas a virrem de lá. Ê pensê cá prra mim "apáá, qerres verr que voltarram aqui à Arrábida recontrruirr o vudu eléctrrónique qu'êu amáis dus mês soces destrruímes? Pensava questa merrda erra só nu verrão! Iste já é outubrre. Ê na quérre a minha picha trrucida!". Mas depois tentei olharr amáis datentamente e vi o quê pensei serrem dumas gajas munta boazonas a olharrem prra mim e a cantarr uma canção munta benita. "Apá venha-mum tubarralho ao cu quêu já tou a alucinarr! Atão mas desde quande é que há Serreias na Anicha, soce? Deve serr do óleo dus motôrres que se m'engalfenhou dus ólhes!". Aquelas cantigas atrrairram même. Fiquei lógue chei da forrça munta subrrenaturral! Parrecia du Pópei depois de comêrr espinafrres! Dei à barrbatana e cheguei dópé delas. Epa aquile erra com cada parriga. Même jeitosas! Erra uma metade melherr, metade sarrdinha, outrra metade carrapau, outrra metade besugue, abrrótea, sarrgue, taínha, enfim... Chorrei tante ao verr aquile caté me saiu do óleo dos ólhes. Limpei-os, abrri-os e vêje mesme à minha frrente duma serreia munta gorrda cuma crroa na cabeça. "Boa tarrde soce, ê sô a rainha serreia e tenhe uma prreposta prra te fazêrr." ê fiquei même: Serreia?! Só se fôrr metade melherr, metade baleia! Gandábôrrte soce! Mas enquante perrguntei à soça o qué que ela querria, topei lógue a serreia metade melherr, metade ráia. Ela táva-ma olharr de cima abáixe e eu fiz o mesme. Apá aquele rrabe d'arráia é du melhorr quihá! Munta forrmôse! E já na a deixei d'ôlhe. Entrretante a mãe daquelas meninas extrremamente apetitosas virra-se prra mim e diz "Russe, és munta famôse destes lades pelo tê capárre e macheza. A minha prroposta erra: se convencerres o tê migue Charrôque a fazêrr uma loja na Anicha, podes terr duma noite remântica cuma filha minha à escolha." Ê que tinha aquele rábe da rráia a remoerr-me da cabeça, só pensava no efeite afrrodisíaque caqueles chóques eléctrriques puderriam darr! Bem melhorr caquela merrda do yxaiio.
Prrontes, continuande, ê aceitei e fui prró outrre lade da Anicha côa minha escolhida: a menina rráia. Ela põe-se em cima de mim e aprressa-se lógue a tirrarr-me dus botões da camisa. No calôrr du memente, pimbas, grranda chóque du meie du mê pête musculáde! Ficou tude nêgrre. Acorrdei segundes depois com um nadadôrr salvadorr munta pandelêrre em cima de mim cum desfibrrilhadorr das mãos, qué aquela merrda cusam no doutôrr Hause pa darr chóques prra um gáje acorrdarr do sône. Qué que se passou? Orra parrece quê desmaiê cuma grranda espécie de coma alcoólique d'óleo de motôrr e sonhei esta histórria toda. As parrigas que tinham vinde cumigue inda fizerrem respirração bocáboca (esperrtas, lógue a abusarr dum gaje em dificuldades) mas na deu em nada. Bem, foi darr um enxêrrte ó nadadôrr pandelêrre e darr-lum pontapé du cu qu'êle foi daqui até à trróia, prruqué lá cus pandelêrres perrtencem. Comigue é quéssas bichas na puxam a brrása à sarrdinha!
Mas o qué bom é quê tou aqui vivinhe prra contarr a histórria, a vocêses, ós mês filhes, netes, bisnetes e ó mê besugue d'estimação.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Escapadela du Ófice

Apá migas atão na é cu Charrôque s'ausentou porr mumentes da Marrgarrida du Sáde? Foi prra na sei daonde falarr prra um micrrófoine prrá ráde d'Ántena 1 prra todágente o ouvirr. Eu amáis du Petinga já tames farrtes d'ouvirr o home todó dia "pêxe prráqui", "chôque prrácolá", "cárrtão de sóce prró outrre", atão desligámes o ráde, o uálquie tólquie e o telégrrrafe prruque ja nem ós bip's conseguimes ouvirr aquela voz de calafate bêbade na reforrrma (agente fala mal, mas até gostames, o cansace é que já é muite).
Prrontes, eu na sou parrve nenhum e vêje um óperrtunidade de na fazêrr nada quande maparrece uma da frrente, atão, sem o charrôque lá prra m'atazanárr us córrenes, pedi com jeitinhe ó Petinga prra m'irr emborra um cadinhe "Apá pintêlhe, tu agorra ficas aí a adiantarr trrabalhe q'êu vou bulirr prra terra firrme." o gaje na quis, atão tive de lhe mostrrarr o mê múscale e fazêrr carra de mau prra ele s'enquelhêrr tôde dentrre du barrque, mái parrcia dum berrbigão.
Lá fui eu tôde feliz da vida côa minha folga darr uma volta pela cedád e bebêrr umas mines e comerr duns trremóces. Apá mas ê na tava à esperra ca crrise fosse tanta ó ponte de cobrrarrem um pirres de trremóces a 2 êrres e setenta e inda perr cima erra quase tude péles e moscas morrtas! Arrmei logue caldeirrada, cu Russe na brrinquem eles! Prra na entrrarr lógue prrá violência, cobrrei-lhes eu os 2 êrres e setenta. Entrreguei o dinhêrre, parrti um cópe e levei o pirres comigue prrà Marrgarrida du Sáde. Chamarrem-me de barraquêrre e trrinta porr uma linha, mas ê prrefirre pensarr que apenas façe a justiça cas minhas prróprrias mãos. Eles inda chamarrem da pelícia, mas nunca se deve substimarre as perrnas dum pescadôrr, atão lá fui eu à corrida.
Quande cheguei à nossa barrcaça tava tude munta silenciôse, "Apá, o Petinga é uma jóia, tá tã concentrrade no trrabalhe!... Ou atão tá a dorrmirr", pensêi eu. Entrrei e na encontrrei o soce em láde nenhum. Fiquei munta prreócupade, cu môce é pequêne, fácil de desaparrecerr e díficil d'êncontrrarr. Virrei a trrainêrra du avêsse e reparrei cu gajinhe tinha levade u mê arrpão faverrite! Até se me ferverrem us ólhes porr dentrre! Aquêle arrpão tinha sido u mê papá que m'ófrreceu quandê tirrei a carrta de marrinhêrre ós catorrze anes! Até tinha uma dedicatórria grravada: "Quem pêxe prrócurra, pêx'axa."! Apá quande apanharr u gajinhe, ele vai verr!
Saí lá prra forra e vi um camone escarrapachade du pontão. Tinha uma naifa da mão e uma grranda mocada da cabeça! Olhei amáis atentamente e vi mesme du mêie da testa dele umas letrras grravadas. Mas tavam ó contrrárrio: ".axa'xêp ,arrucórrp exêp meuQ". Pintê-lhe a testa com tinta du chôque e ódepois espetê-lhe cum papel dus córrenes e prrecebi caquile tinha side fête plo meu arrpão. Querres vêrr cu Petinga perrdeu o juize e desatou a arrmarr espigas cus cámones? Apá não... o Petinga na é má rés... Quande cheguei ó pé da lota tava outrre soce estendide du chão máis u mê arrpão e o Petinga a serr arrastade porr dois mitrras. Pus-ma corrêrr que nem carrapáu de corrida e virra-se u mê soce "Russe, miga, tá ralásse quêu já trrate destes gatunes... Desempacha!" Apá grranda macho, atão na é c'aquêle micrróbe de métrre e mêie tinha derrubade metade dum dêsses gangues manhóses cu mê arrpão e ainda querria mais? Mas ê fui lá pôrr água na ferrvurra à minha justa manêrra. Murro pus bêces aqui, murre pus bêces acolá, o pirres quê levei acabou porr darr jeite tambêm, e cairrem os dois mitrras que nem dominós côa boca em chau. O Petinga tava tôde exaltade "Apá barraquêrres dum rái! Erra enfiarr-lhes dum rabd'arráia pus entrrafolhes acima! Querrem roubarr techerrts, vão prrá xêpa!". Acalmei du sóce, peguei du arrpão e fômes bebêrr uma mine prra resfrriar a cabeça e melharr a goela. Voltámes à Marrgarrida du Sáde e tava lá u Charrôque tôde aterrefade a trratarr de tude ó mesme tempe: pêxe, techerrts, crrachats, carrtões de soce, enfim... A fazêrr u trrabálhe cagente devia terr feite. U Sóce até se esforrça! Tava tôde empólgade ca entrrevista tinha curride munta beim! A gente crritica, mas se na fosse o soce, coitade, a gente tava munta mal. Isse explica o facte d'haverr grrupos de fãns louquinhes da tola o sufciênte prra tentarrem assaltarr a nossa trrainêrra! Iste na Marrgarrida du Sáde é só soces às dirrêtas!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Russe, gandá amigue do Charroque da Prrofundurra

Apá, o Charroque da Prrofundurra anda a açambarrcarr tude e tôdes caté tênhe tide pouca exprressão nas histórrias quele conta. Ele tem munte da mania quié um esperrtalhão dus eventes culturrais, mas o quele querr sei eu...querr é beberr e grrandes farras. Apá, tou aqui a escrreverr de mansinhe opé du Petinga que tamein se farrta de trrabalharr nesta coisa das Tcherrtes, é dia e noite, iste nã tem sido fácil prra toudes. Tou de mansinhe quié prra verr su Charroque nã me cheteia os córrnes cu peixe ainda nã tá toude tratáde e que tou de volta du computadorr em alte marr e quié só jogues e etecêtrra e tal bague duva.
Mas agorra o Russe vai terr dirreite ao seu espace, tirrarr ess mania que só ande à porrada e que me mête em confusões só porrque tênhe um grranda cabedal. Iste nã é verrdade, os prrublêmas é que veien toudes terr cumigue e ê cá tenhe cus sacudirr de cima de mim, nei?
Agorra já sabem, quande o Charroque contarr uma coisa, verrifiquem porr aqui a verr sié bem assim.

Abrráces e inté à prroxima!