quinta-feira, 4 de abril de 2013

Remar a favor da maré...


               O relógio aponta para as 11:30 da manhã e o dia já vai longo para José Emílio. Com 51 anos de idade, conta com já 39 como pescador, em Setúbal.
            "Zé Mil", como pede para ser tratado por ser a sua alcunha desde criança, mantém há muitos anos a mesma rotina - "Acordo todos os dias às 3:30 e às 4:30 já estou no mar. São sete horas seguidas de trabalho!" - diz enquanto prepara as redes para o dia seguinte. Serão estas que lhe ajudarão a fazer uma boa pescaria. Serão estas que lhe possibilitarão um ordenado no final do mês.
            Criado numa família de pescadores, desde muito cedo que começou a enfrentar o mar - "Conheço-o como a palma da minha mão. Sei-o de cor, como diz a música." - afirma com convicção.
            Dono de uma pele morena, queimada por dias e dias exposta ao sol "Zé Mil" nunca aceitou trocar de profissão. Ao longo da sua vida sempre tivera várias propostas mas afirma que é no mar que se sente completo - "Comecei a ir de pequenino com o meu pai. Depois ele reformou-se e eu continuei sozinho. O mar é o meu melhor amigo e o grande guardião dos meus segredos ".
            Depois das sete horas a navegar na embarcação que possuí, - "A minha barca Flor do Monte!" - que faz questão de realçar - o dia de trabalho continua. No pequeno compartimento que comprou junto ao local onde guarda o seu barco, prepara o material para o dia seguinte e divide o peixe para o puder vender. Este é vendido na lota de Setúbal e controlado pelas entidades competentes - "Ali não falha nada. Somos controlados. Trazer peixe para fora só se alegarmos que é para consumo próprio e em pouca quantidade!"- assegura com alguma revolta.
            Os finais de tarde são passados no café do bairro das Fontaínhas, local conhecido pelos encontros entre pescadores. Lá partilham histórias, falam das suas vidas e indicam bons lugares para as pescarias.
            Quando se fala em férias, "Zé Mil" diz desconhecer essa palavra. Não há tempo para isso. Resta-lhe os dias pontuais que não trabalha, devido às temperaturas meteorológicas. Estes aproveita-os para estar com os amigos e com a família - "Gosto de ir beber o meu tinto com os meus compadres ou ir dar uma voltinha com a minha Maria! Ela é que tem cá uma paciência!". - diz entre risos.
Detentor de uma personalidade forte, como fez questão de frisar, e com uma vida repleta de sustos e aventuras, enfrenta todos os dias aquele por quem tem o maior respeito: o mar. São as ondas que embalam os seus sonhos, o frio que lhe arrefece os pensamentos e a água que lhe aviva a memória. "É no mar que sou feliz. E a sua força ajuda-me a nunca desistir!" - afirmou em género de conclusão.

Autora: Sara Chaves

quarta-feira, 27 de março de 2013

O Marride da nha amiga da ofcina


Bom, quand a nha amiga e o marride regrressaram da Comporrta, telefonaram pa ê irr lá pa comerr uns carapaus assades… ó, pá ê adore pexinhe assade… e atã com batatinha czida com casca temprradas com azeite, cu-entrres e alhe…atão… nem se fala! Bom, mas adiante…
Cheguê lá, fui recebida com muites abrraces, até parrecia um jogador do VITÓRRIA, quando marrca um gole e, depois, os outrres o agarram todos que nem o dêxam respirarr… bom, continuande, lá tavam os trrês: a nha amiga, o marride, e o amigue do marride, que é um grranda pão…querr dizer, aquilo nã é um pão, aquile é uma padarria intêrra, daqueles homes que põem logue as horrmonas duma parriga na via rápida da descongelação só dolharr! Alte, espadaúde, olhes azuis, enormes, pestanas escurras, quêxe rachade ó mei, peitos peludes loirres, veias a sobrresaírrem dos braces masculines, mãos grrandes e lindas …bem, mas adiante…ai, que já me perrdi… ah, pois, atã quando a nha amiga e o marride forrem os dois à czinha pa trrazerrem o pêxe o amigue do marride da nha amiga chegou-se ó pé de mim, abrraçou-me muite, emborra com alguma distância, qué uma coisa quê não sabia que querra possível, e ê…bom, uma parriga nã é de ferre, ainda perr cima, aquile tude é da minha idade… bom, quand é já tava com as horrmonas e tude o reste já descongelade, prronta a corresponder das manêrras todas, ele afasta-se, delicadamente e diz: “Obrrigade! Obrrigade!”
– même a tempe, porrque o casal vinha muite sorridente com as trravessas nas mãos pa pôrr da mesa. Ê…fiquê estática, porrque as nhas horrmonas regressaram logue ó ponte de congelação habitual e só me restou, durrante o almoce, continuarr a admirrar aquele corrpe marravilhose e aquela carra dhome tã linda… que erra o amigue do marride da nha amiga, que nã é marride de ninguém….

Autorra: Edite Coelho

Mais oficina...


Hiiiiiiiii! A nha amiga da ofcina ligou a dzerr cagorra é que erra, cu tinha apanhade enflagrrante, que já nã podia continuarr e sê podia passarr porr lá pa ofcina pa me contarr tude.
Bom, come a gente pás amigas faz tude, lá pedi um carre empestade à outrra nha amiga que tem um parrcido ó meu, um pouco mai velhe, daqueles que já conhecem a estrrada toda, méme quando a gente tem tendência pa adorrmecerr ó volante, bom…mas adiante, lá fui e encontrrê-a em prrantes… atão ela contou cu marrido tinha saíde lá com o amigue da prraia da Comporrta, onde tavam acampades, pa irrem à pesca que cada um tinha levade o sê saque cama e que só voltarrem na manhã seguinte, come semprre acontece quando ele sai cu outrre. O problema é quela vê mal ó perrte e ó longe atã nem se fala… continuande… no dia seguinte ela ó longe viu uma mancha que parrecia duas pessoas agarradas uma à outrra, mas sabe que erram eles, pcausa da côr dos saques-cama que errem da corr do benfica, depois a mancha dividiu-se em duas que se afastarram, cada mancha foi pó lade oposte à outrra, cada uma com a corr do benfica a mei, ela dêxou de verr a mancha e daí a um becade aparreceu ele com o amigue, po trrás dela, cada um com meia dúzia de sarrdinhas já morrtas, todo sorridente a dzerr: “ Olá amorr!…” Ela diz que viu logue o que tinha acontecide, ele foi terr
com outrra, e levou o amigue pa ela nã desconfiar de nada, mas quela havia de descobrrirr quem a outrra erra, péu, péu, péu, péu, péu, péu… , que foi pa isse que levou o saque-cama, péu, péu, péu…
Bom, lá tive que lhe explicarr que su marride foi à pesca cu amigue, é porrque ela continuava a serr a parriga da vida dele, o qué quela querria mais? Atã o home até leva o amigue e ela ainda desconfia? "Amiga, atão, Deus Tode-Poderroso arranja manêrra (sabe-se lá porrque caminhes torrtuoses) de serres a única parriga da vida dum home e é assim cagrradeces? Vê lá, mas é se Deus te castiga, porr serres uma mal-agrradecida!” Ela agarrou-se a mim, a dizer quê tinha razão, mas quela erra muita ciumenta, porrque, come ela nã vê quase nada, tem mede cu marride arranje uma que veja, tude, ao quê respondi que nã acrreditava calguma vez isse pudesse acontecerr, porrque ela continuava a serr a parriga da vida dele, e que ele sabia muite bem que mai nenhuma parriga ia terr um amor porr ele tã cégue comó dela… bom, porr fim, ela lá viu que nã tinha arrgumentes pós mês arrgumentes, agrradeceu muito porr, mais uma vez, eu lhe terr feite verr as coisas come elas são e disse logue pa ê levarr o carre pa ela verr, já que com a raiva, tinha vinde mai céde da Comporrta e dêxade porr lá o marride com o amigue…mas cassim carranjasse o carre sê podia irr lá levá-la, quela ia logo pa lá pa lhe pdirr desculpa… Clarre quê rrespondi logue: “ Clarre que te leve! Mas primêrre pede desculpa pu telefone e diz a que horras te vou lá pôrr, pó home nã serr apanhade desprrevenide …pode terr ide outrra vez à pesca e ficas lá a torrar ó Sol até quele chegue!…”

Autorra: Edite Coelho

domingo, 10 de março de 2013

O caso da lambesgoia má feia cuma bota da trropa continua


Vai daí ó despois a lambesgóia continuava desaparrecida. Charroque Gomes e QuêFilhe estavem num bêque sem saida e nã conseguiem encontrrarr a Marria Carrulina.
Despois de refazerrem os passes da lambesgóia, chegarrem á conclusao que tinhem que verr de nouve o aparrtamente do trroine. E assim fizerrem.
O aparrtamente tava na mesma desde a ultima vesita, aparrentemente. O olharr trreinade de Charroque Gomes, emborra meie vesgue, reparrou logue que faltavem roupas do arrmarrio. Abrriu o frrederrique e a garrafa do lête tinha menes um bucade. O pacote das bulachas no arrmarrio tamém tava más vazie. Alguém tinha tade ali rucentemente. Foi falarr com a vizinha da frrente, mas ela confirrmou que nã tinha viste a Marria Carrulina. Ou alguem.
Entrristecide com esta situação, Charroque Gomes voltou parra casa parra pensarr no case. Deitousse no sefá, e pensou, pensou, pensou munte. Quande a dorr de cabeça cumeçou a instalarrsse, achou quérra melhorr parrar. Foi durrmirr.
Na manhã a seguirr tava bastante melhorr. Atão fez-se luz: tinha acabade de carregarr no interrutorr. Despois fez-se luz otrravéz: Chigou á conqueluzao do que tinha acontecide com a Marria Carrulina. Finalmente. Telefunou parra o sê companherre QuêFilhe e pediu-lhe parra tarr nu aparrtamente da lambesgóia dentrre de uma horra e levarr a pulicia coele.
Uma horra despois tava toda gente lá. Sentarrem-se e esperrarrem. Passade deiz minutes, uma chave meixe na porrta dentrrada. Toudes olhem com atenção prráporrta. A porrta abrre-se. Uma luz desquesita entarramela os olhes de toudes. Quande se habituarrem á luz, conseguirrem vislumbrrar uma sombrra parrada na porrta dentrrada. Uma gaginha munta bnita e jeitosa olhava parra os sóces de boca aberrta, ispantada porr os verr ali sentades. Só Charroque Gomes sorria, confiante que tinha resolvide mais um case.
Levantou-se e começou a falarr, cumprrimentande a menina Marria Carrulina, perrante o olharr incrredule dos outrres. Perrcebeu-se então que a lambisgoia má feia cuma bota da trropa agorra erra uma barrboleta bnita. O investigadorr passou então a explicarr o que aconteceu com a Marria.
Um dia destes a lambesgoia ia a passearr no meie da baixa e a causarr o pânique habitual, quande decidiu parrar na Casa da Sorrte e comprrar uma raspadinha, a verr se tinha alguma sorrte. E teve! O investigadorr falou com um contacte que tinhe no estabelecimente, e que lhe disse que a Marria Carrulina tinha ganhe vinte mil eirres. Despois Charroque Gomes ligou parra varrias clinicas dembelezamente parra saberr se uma lambesgoia tinha feite uma operraçao á frronha e ao corrpanzil rucentemente. Erra vurdade.
Assim, a lambesgoia tinha gastade o dinherre que ganhou na raspadinha numa operraçao estetica, parra ficarr bnita e boazuda. Os vizinhes e o resto das pessoas e os pombes na recunhecerrem a nova gaginha quande ela voltou da clinica. Porr isse achavem que ela andava desaparrecida da pinturra, quande ela continuava a fazerr a vidinha norrmal.
Charroque Gomes sabia onde ela trrabalhava e sabia a que horras ela larrgava, e porr isso marrcou a horra parra a apanharr em casa, e em flagrrante delitrre. Case resolvide.
Sairrem de casa da Marria Carrulina, e come recumpensa da pulicia porr terr resolvide o case, forrem almuçar na Adega dos Passarrinhes. Terrminade o repaste e com munta azia no lombe, Charroque Gomes e QuêFilhe regrressam a casa, parra fumarr uns parrampes e esperrarr pela prroxima aventurra.

Autorr: Carlos Vieira

quarta-feira, 6 de março de 2013

O case da lambesgóia má feia cuma bota da trropa

Erra um dia come os outrres na cidade. O pove andáva dum lado prróoutrre na sua vida.
De vez em quande qualquerr coisa alterrava a norrmalidade.
Cumeçava a ouvirr-se um burburrinhe no arr, os pombes começavam a avoarr frreneticamente e a esconderrsse. As arrvorres e o vente parravam. O silencie antes da berrasca.
Atão instalavasse a loucurra.
Os pombes avoavam em dirreção ao marr, á prrocurra da prroteção das gaivotas, e sóces e parrigas a correr com os braces do arr e a grritarr.
Atrrás diste tude vinha a Marria Carrolina, a lambesgóia má feia da cidade, sorrinde com metade dos dentes, sobrracelhas munta grrossas e bigode a condizerr, e com o cabele apanhade, parra mustrrar as orrelhas prroeminentes estile abanique du pexe. Tude nela inspirrava confiança e falta de espelhes em casa, com um andarr segurre. Todos os dias prraticamente acontecia este prrublema, deixande o centrre da cidade em pulverrosa.
Um dia, tude parrou. Os pombes continuarem ávoarr e a cagárr porr toude lade, e as pessoas  a andarr norrmalmente. Durrante alguns dias assim ficou. Começarrem a estrranharr o que terria acontecide á Marria Carrolina. As auturridades ficarrem sem conseguirr resolverr o case.
Telefonarrem então parra um detective prrivade, que erra famouse porr resoverr cases dificiles, Charroque Gomes e que norrmalmente erra acompanhade pelo seu amigue o Dôtorr QuêFilhe, um afrricanne macumberre com um pai que gustava de remances de policia e que lhe deu este nome.
Puserrem-se atão a caminhe os dois descobrridores de crrimes, começande porr tentarr fazerr os passes norrmais da Marria Carrolina todos os dias. Na casa do bairre du trroine onde vivia a lambesgoia tava tude norrmal, na havia nada forra do sitie. As vizinhas e vizinhes confirmarrem que na lhe punhem a vista em cima há uns dias e na sabiem onde ela parrava. Muntas delas tinhem prrublemas de vista derrivade á vizinha serr munta feia e andavem semprre dócules descurres. Mas diziem querra uma querrida.
Depois, no caminhe do trroine prro centrre, as montrras rachadas da lojas na tinhem alterrade prra piorr, porque ela aparrentemente tinha deixade de passarr ali.
E no centrre, os pombes andavem felizes, e nã aterrorrizades como anterriorrmente.
Tava tude munta dificil prro Charroque Gomes e prro Dr. QuêFilhe.
O que terrá acontecide á Marria Carrolina?

Autorr: Carlos Vieira

A inspéssão du mê carre


Tá na horra du mê carre irr à inspéssão. O prroblema é ca nha amiga tá de férrias na Comporrta e tem a ofcina fechada durrante um mês. Agorra tenhe um dilema: um dos carres nã póde cirrcularr sem o séle e o outrr tammém nã pode cirrcularr porrque tá sem baterria. Os mês carres são muita espaçoses e são o encante das minhas amigas! Quando me vêem chegarr, com qualquerr um dos mês carres, dizem semprre: "Edite, conseguiste chegarr! Nã sê come, mas conseguiste!

Continuas a mésma aventurrêrra de semprre! Virr d'Ázêtão a Setúbal e chegarr ó fim da viagem com este carre, é uma aventurra! Parabéns!" Clarre cuma pessoa fica logue toda emmucionada, e com lágrrimas dus ólhes, porr
terr amigas tã sinsérras, rsponde logue: "Quande precisarrem de fazerr uma viagem grrande e o vosse estiverr na oficina é só dizerr quê venhe cá trrazerr o carre e a chave." Clarre quelas olham logue umas pás outras, abanam a cabéça dum lade pó outrre ó méme tempe e depois olham prra mim com aquele brrilhe du olharr, agrradecidas...mas continuande, come o mê carre tem uma amachucadelazinhas aqui e ali, porrque às vezes roce pelo poste aqui ó pé da nha casa, às vezes até parrece quele se afasta só pa ê lhe roçar, vô à da nha amiga da ofcina que diz ca felicidade dela me deve a mim e dáme um jêtinhe no enrede du motor e na carroçaria e às vezes nem o material pague ...bem, pensande bem até é verrdade, porrque ela querria-se divorrciar qui há uns anes e ê disse-lhe cu motive dela nã erra válide porrque a gente já sabe cus homens mijam semprre de forra du penique de vez em quande, e com ela isse nunca ia acontecerr, porrque ela ia ser semprre a única melhérr da vida dele, que se deixasse de desconfianças lá com o outrre amigue dele que aparrecia lá em casa, o qué que tinha que saíssem os 2 e que só voltasse a verr o marride 2 dias depois, e có depois se despediam os 2 com muites abraces, quisse erra negócios queles deviam terr juntes e que tinham corride bem e que sele não a trratava mal e lhe dava os ganhes lá da ofcina ela tinha era que lhe agrradecerr a Deus porr serr a única melhér da vida dele...até porrque quem ia à prócurra do marride dela não erra nenhuma melher, ó erra? Não! Atão, há lá melhorr prova de fidelidade?

Autorra: Edite Caetano Coelho (mas ache qnã tem nada a verr cu outrre!)

O charrroque vai as prrefundezas do dsérrte


Cérrte dia, táva eu emarranhade nas nhas alembrradurras, ali mesme em frrente da doca de Setúbal, a sentirr aquele cherrinhe marrravilhose a pêxe e aparrece o Arrlinde, vinde a corrrida de lá de cima do bairre do vise, quinté parrrecia que tinha um feguête do cu.
E eu disse :
-          Apa zé, que pêxe é?
O Arrlinde tinha-se enteirrade cavia um país, que ficava du dsérrte e onde eles tinhem feite negoice com pérrrlas, e toda a gente sabe que as pêrrrlas vêem das ostrras e as ostrras vêem do márr e co charrrouque é um ganda pescadorrr. Atão parrece que lá desse país, que fica lá em santa coina dos assebios, eles estavem a necessitarr de um ganda pescadorr, com um ganda currrícle e o Arrlinde chibou-se logo tode a mim e eu fui logo mostrrar-me interressáde, perrque aqui em perrtegal nã há dnhêrre nem pa mandarr cantarr o ceguinho.
Qual nã é o mê espanto, quando fui esquelhide para irrr trrabalhar pó qatarrr, e eu pensei logue, olha, apá, deve ser prrrai que os sóces vão, quando lhe dizem, - vai-te catárrr mê ganda vase da merrrda!
Já do aerroporrrte, entrrre do avião. Um avião muta benite, com bastantas camónes, tude com grrandes mánicas pelingrrráficas, que de cerrteza que deviem terrr vinde de Setúbal, pois eles sabem que o perrtinho darrábida é uma das prraias mai benitas do munde interrr.
Mais eu nã me querr perrder aqui com perrmenorres que nã interrresem pa nada, pois o que é imperrrtante é o que haverra de acontecerr lá desse país onde os sóces se vão catarrr.
Já do qatarrr, quando saie do avião mais o mê amigue Arrlinde…
-Apá sóce… tá calorrr à patáda!
Nem conseguiames respirrar, parreciemos um carrrapau fórra dágua com os ólhes todes desbugalhádes e a boca toda aberrta.
A porrrta do aerroporrte, estavam uns sóces, todes vestides de brranco, com uns lençois da cabeca, que parreciem même aqueles sóces do pitrroile e dissserem-nos:
-          Assalamealeik
E eu disse:
-          Salame? Mas disserrrem-me que que vocês aqui perr causa do allah, ou do ali baba, na podem comerrr salame! Ma da prrróxima ja sei.
Mas eles perrece que nã perceberrem nada e dissserem:
-          Yala, yala
Que vim mais tárrrde a saberrr, que querrr dizêrrr, butes, butes. Eles estarrem mais é com munta prrressa du cu, pensei eu.
Encafuarrrem-me a mim mais o Arrrlinde, dum jeep 4*4 e levarrrem-nos pó dsérrrt. E agente cheios da cagufa…., mas ódespois…….Eia, ca coisa mai Benita de se verrrrr, tanta arrreia, tanta arrreia, tanta arrreia e eu pensei logue, os gajos lá da secil é que pediem virrr aqui buscarrr arrreia e deixarrrem mais é a serrra darrrabida em paz. O quêles merreciem todes era levar uma berrrlaitada para não serrrem má rés e estarrrem a estrrragar uma coisa tam benita ca naterrreza fez.
Saimes do 4*4 e os sóces apontarrrem pó márrrr. Agente entrrraramos do márrr, ma nada de encontrrrrames ostrrras nem pérrrlas.
Ao fim dumas horrrras começámes a ovirrr umas cantigas, quinte parrrecia co Vitórrria ia jegárrr. Allah akbar, allah akbar, e eu e o Arrrlinde saimos do márrr para virmos mirrrár o que se estava a passsár.
Tál nã é o nossse espante quando vimes os sóces do pitrroile todos voltades prró porrr do sol com os corrrnes entarrrádes darrreia e com os rrrábes pó árrr. Ao verrr aqueles rábes todos prrró árrr:
-Apá Arrrlinde, estes sóces são todes uns pandelêrrres de merrrda, eles merrreciem errra todos um rrrábo duma arrráia pu cu acima. Salga mas é issso das pérrrlas e vames bazzárrr daqui.
E abalámos à currrida do 4*4, enquante eles estavem todes de rrrábo pó árrr.
Mas o Arrrlinde tem prrroblemas da prrrósta e tivemes que parrrár pórrrinar. Entao nã é que os gajos du pitrrroile, vinhem todos a currrrer, dunas abaixe, dunas acima, com catanas duma mão e falcões da outrrra.
Enhagórrra….. foge Arrrlinde quêles corrrtem-te a pila e dão ós pássarrres pa comerrr.
Eu e o Arrrlinde a currrer, duna abaixo, duna acima até que vimes uma parrrágem que parrrrecia uma parrrágem das caminétes, mas como estames du deserrrt errra um aparrragem de camêles. Apanhámes um camêle e entrrrámes dirrectamente du aerrroporte. Os sóces da guarrrda do aerrroport, comecarrrem a pazáda cagente, eles dárrrem, dárrrem, mas levárrrem que se farrrtárrem. Ficarramos cus ólhes a belenences. Meterre-nos du avião e disserrrem que estávamos priiíbides de voltárrr ao dsérrrt.
E foi assim que o charrroque nunca mais saiu de Setúbal prro dserrrt, com miúfa de nunca mais ver o seu rrrio azul que em cérrrtes dias tem mesme a corrr du céu.

Autorra: Ana Marria